Pelo quarto ano consecutivo, a cinematografia produzida por africanos e afrodescendentes e as questões que a movem ocupam lugar de destaque durante o mês da Consciência Negra no calendário cultural do Rio. De 8 a 14 de novembro, o Encontro de Cinema Negro – Brasil, África e Caribe, realizado por Zózimo Bulbul e seu Centro Afro-Carioca de Cinema, voltou a reunir em espaços importantes da cidade, obras e cineastas da África, do Brasil e de outros países da diáspora africana numa programação intensiva que envolveu uma mostra de filmes, debates, seminários e uma oficina itinerante de roteiro, e celebrou o cinquentenário de independência dos países do Oeste africano. Com mais de 50 títulos de doze países (Brasil, Senegal, Chade, Costa do Marfim, África do Sul, Nigéria, Cabo Verde, Guiné, Congo, Guadalupe, Cuba e Haiti) e a participação de onze cineastas estrangeiros – incluindo o vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Cannes do ano 2010, Mahamat-Saleh Haroun – e dez brasileiros, a quarta edição do Encontro consolidou sua posição entre os mais significativos eventos regulares de cultura negra produzidos no Brasil e o firma na rota internacional dos eventos dedicados ao tema.
Em oito dias de atividade, o IV Encontro de Cinema Negro concentrou, como nas edições anteriores, a maior parte da sua programação no Cine Odeon, mas se espalhou também pelo Centro Cultural Justiça Federal, Cinelândia, Oi Futuro, em Ipanema, Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico, e no Armazém 6, no Cais do Porto do Rio de Janeiro. Com sessões a R$ 2 no Odeon e grátis nos demais espaços. Os seminários foram abertos ao público e a oficina também foi gratuita
Selecionados pelo cubano Rigoberto Lopez, o cineasta de maior projeção internacional da região, oito dos 53 títulos reunidos no Encontro, representam o Caribe, que comparece com o único filme de animação da mostra – o curta 20 Años, realizado em Cuba pelo cineasta e artista plástico guadalupenho Barbaro Joel Ortiz.
A presença de jovens diretores brasileiros permeou toda a programação, com nove curtas, um média e dois longas-metragens, e motivou um seminário tendo como foco os novos realizadores no Cinema Odeon.
Foi ministrada uma oficina de roteiro pelo cubano Antonio Molina itinerante por dois espaços do Encontro, em quatro laboratórios que têm como ponto de partida a exibição de um filme seguida da análise de seu roteiro, com a participação do autor. Em pauta, duas ficções e dois documentários: Bróder, de Jeferson De; O Papel e o Mar, Luiz Antonio Pilar; ASWAD – Diáspora Africana, de Julio Tavares; e Renascimento Africano, Zózimo Bulbul.